É, eu estava longe, dentro do meu quarto.
Fui a um lugar cheio de escadas grandes, ruínas.
Havia muitos conhecidos lá
Mas preferi me afastar em becos solitários.
Este ficava no alto. Muito alto imagino eu.
Matei duas crianças.
As joguei dali mesmo.
Não, não sei o porque do ato,
Às vezes quase me mato pelo mato seco.
Degrau por degrau cada vez mais baixo
Degrau por degrau cada vez mais calmo
Em terra me deparei com uma civilização
Alguns colegas outros amigos e outros.
Acostumados com aquele mundinho.
Passado tempo encontraram o corpo de uma criança.
Deformado, ensangüentado.
O ódio pairou nos corredores, possuiu os seres.
- Encontrem o desgraçado, assassino!
O corpo passou por mim em caixão aberto
Levaram pra um velório já preparado
Precisava chorar, precisava chorar, precisava!
Não queria ter matado. Agora um feto.
Mas não conseguia chorar
Me fiz triste para que ninguém me apontasse
Pouco depois escorreram lagrimas dos meus olhos
Acharam um outro corpo de criança
Deformado, ensangüentado.
Parou estupefatos os humanos e a tristeza os possui.
Juntaram ao velório
Não sei de quem as duas eram descendentes
A verdade e que não conhecia muita gente
Já vinha com essas manias de morte
Porem minha frieza me espantou
Virei ou sempre teria sido um psicopata.
Comecei a matar tantos outros por ali. Eram muitos.
Deixando algumas pistas, me isolando.
E já conseguia chorar e berrar no encontro de cada corpo
Dava as costas e secavam as lagrimas
Dor nenhuma sentia.
Eu adorava aquele ambiente
Tinha um teto quase inatingível
Sozinho imaginava como seria lá
Alguma vez estava no topo de uma escadaria que formava um “A”
Em pé esperando alguém q não sabia quem.
De longe apenas uma mulher de vermelho caminhava
Quando vi uma outra muito linda subindo em minha direção
Olhos, olhos que diziam – eu sei! Culpavam-me de assassinato.
Aproximava-se como quem encontra o inexistente
E esta sozinho para apanha-lo e ter gloria sobre ele.
Na minha lembrança vinha à mesma em todos os rituais de morte
Chorando por todas as vitimas
Junto a todos os outros que queriam como se quer o orgasmo
Encontrar o autor de tanto terror.
Aqueles olhos me hipnotizavam mostrando sede de chegar ate mim.
E pisou no mesmo chão que eu.
Com um dedo apenas, como mágica, a empurrei!
Ela rolou escada a baixo na dor de cada degrau ate a morte.
Era doce assistir aquilo
Queria vinho e cigarro para selar o momento.
Mas de longe vinha uma mulher de vermelho
Que por minutos falhou da minha memória
Não sabia se ela tinha visto! Não sabia o que fazer!
Acho que muitos outros apareceram, alguns olhavam para mim.
Um frio subia meu corpo congelava meu pensamento e o cuspia em suor.
Desci o “A” em direção ao cadáver
Fui socorre-la sem vontade nenhuma.
Tivera caído sozinha!
Parei sobre ela. Parei.
Ninguém via a beleza que eu via
Tudo ali parecia surreal de um suspense inacreditável!
Tão simples e velho e tão complexo.
Naquele momento um poder!
Real de outros sonhos me tomou.
(É que sou leve em cada um deles.).
Eu podia fugir de varia maneiras
Pular de concreto a concreto ate que ninguém me vice.
Povo estúpido! Acho que não os convenci com minha arte de fingir!
Ou me convenci que isso não e arte quando e real.
E me matariam! Devorariam meus desejos, me aplicariam seringas de depressão!
Acho que fui ate onde consegui, o mais alto possível do velho prédio.
(Se é que era um prédio).
Não sei se matei mais alguém.
Devo ter continuado na solidão ou numa digestão interminável dela.
Talvez no teto.
A verdade é que não sei o fim desse personagem
Que era eu mesmo ou não.
Foi um pesadelo!
Ou um sonho, um filme do qual gostei.
Se faria isso na realidade, também não sei.
Breno Maia
“This is the and, beautiful friend
This is the and, my only friend
The and.”
The doors


Fotos do meu amigo Rogerio Kehru
Um comentário:
Breno, que massa esse texto. Mto bom mesmo! Sem palavras. Poucas vezes lí textos tão interessantes, mto massa. Abração poeta!
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